E.E. " Dr. Miguel Priante Calderaro " " És escola, és um templo, és um lar." Bernardino de Campos - SP
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Minha Língua é minha Pátria.
És escola, és um templo, és um lar.
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PROJETO: MINHA LÍNGUA É MINHA PÁTRIA.
DISCIPLINA: Língua Portuguesa e Literatura
PROFESSOR RESPONSÁVEL: Marcos Donizete Gonçalves
3ª séries A,
B (manhã) e C (noturno) - Ensino Médio
OBJETIVO: Aprofundamento do currículo de
Língua Portuguesa através do estudo da origem e evolução da Língua Portuguesa, da
sua origem aos dias atuais.
Aluno(a): ___________________________________________
Nº ___3ª série _____
AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS:
1.
Pesquisa
na internet , na sala de informática, no
site http://www.linguaportuguesa.ufrn.br
, https://www.youtube.com, https://www.facebook.com/miguelpriante.calderaro, http://blogdocalderaro.blogspot.com.br/, e outros, sobre:
1.2-
A
História da Língua Portuguesa: sua origem e evolução até os dias atuais;
1.3-
Os
países que falam a Língua Portuguesa atualmente. Os países falantes da Língua
Portuguesa. Número de falantes em todo o mundo. Dados sobre países falantes da
Língua Portuguesa;
1.4-
As Bandeiras de cada um dos países falantes da Língua Portuguesa;
1.5-
Estudo de textos em Língua Portuguesa nos diferentes países que
falam esse idioma;
1.6-
Análise de Vídeos com imagens de pessoas utilizando a Língua
Portuguesa de diferentes formas e em diferentes situações de uso, nos
diferentes países que a utilizam.
1.7-
Termos, expressões e gírias da língua Portuguesa e seus diferentes
significados em cada um dos países que falam o português.
1.8-
Termos e expressões utilizados na linguagem do futebol.
2.
Audição de músicas produzidas nos diferentes países que falam Português.
3.
Produção de cartazes e folders com informações sobre e com as bandeiras dos países que falam
a Língua Portuguesa.
4.
Produção de vídeo com falas dos alunos sobre a Língua Portuguesa.
5.
Leitura e produção de textos sobre a Língua Portuguesa e publicação no https://www.facebook.com/miguelpriante.calderaro, http://blogdocalderaro.blogspot.com.br/, e outros.
6.
Visita ao Museu da Língua Portuguesa e ao Museu do Futebol em São
Paulo – SP.
Índice
A língua portuguesa
ANGOLA BRASIL
CABO
VERDE
GUINÉ BISSAU MOÇAMBIQUE PORTUGAL
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE TIMOR LESTE
Autor
Colaboradores
- Antonios
Sarhanis
- Augusto
Borges Amado
1. Prefácio
A língua portuguesa tem uma das histórias mais
fascinantes entre as línguas de origem européia. Em razão das navegações
portuguesas nos séculos XV e XVI, tornou-se um dos poucos idiomas presentes na
África, América, Ásia e Europa, sendo falado por mais de 200 milhões de
pessoas.
Este texto procura inicialmente apresentar um pouco
da história desta língua, partindo das raízes latinas na Europa até o português
moderno. Em seguida, apresenta a situação atual do português nos diversos
países e regiões do mundo onde ele é falado.
Este texto não é escrito por nem
para especialistas em línguas. Destina-se às pessoas em geral que desejam
conhecer um pouco mais sobre a língua portuguesa. Trata-se de um trabalho
formado a partir de contribuições recolhidas de diversas fontes e por várias
pessoas. Por estas razões, pedimos antecipadamente desculpas por eventuais erros
e omissões e convidamos todos a acrescentarem seus comentários e sugestões.
2. História
Índice
2.1. O período pré-românico
Os linguistas têm hoje boas
razões para sustentar que um grande número de línguas da Europa e da Ásia
provêm de uma mesma língua de origem, designada pelo termo indo-europeu.
Com exceção do basco, todas as línguas oficiais dos países da europa ocidental
pertencem a quatro ramos da família indo-européia: o helênico (grego), o
românico (português, italiano, francês, castelhano, etc.), o germânico (inglês,
alemão) e o céltico (irlandês, gaélico). Um quinto ramo, o eslavo, engloba
diversas línguas atuais da Europa Oriental.
Por volta do II milênio a.C., o
grande movimento migratório de leste para oeste dos povos que falavam línguas
da família indo-européia terminou. Eles atingiram seu habitat quase definitivo, passando a ter
contato permanente com povos de origens diversas, que falavam línguas não
indo-européias. Um grupo importante, os celtas, instalou-se na Europa Central,
na região correspondente às atuais Boêmia (República Tcheca) e Baviera
(Alemanha).
Os celtas estavam situados de
início no centro da Europa, mas entre o II e o I milênios a.C. foram ocupando
várias outras regiões, até ocupar, no século III a.C., mais da metade do
continente europeu. Os celtas são conhecidos, segundo as zonas que ocuparam,
por diferentes denominações: celtíberos na Península Ibérica, gauleses na
França, bretões na Grã-Bretanha, gálatas no centro da Turquia, etc.
O período de expansão celta veio
entretanto a sofrer uma reviravolta e, devido à pressão exterior,
principalmente romana, o espaço ocupado por este povo encolheu. As línguas
célticas, empurradas ao longo dos séculos até as extremidades ocidentais da
Europa, subsistem ainda em regiões da Irlanda (o irlandês é inclusive uma das
línguas oficiais do país), da Grã-Bretanha e da Bretanha francesa.
Surpreendentemente, nenhuma língua céltica subsistiu na Península Ibérica, onde
a implantação dos celtas ocorreu em tempos muito remotos (I milênio a.C.) e
cuja língua se manteve na Galiza (região ao norte de Portugal, atualmente parte
da Espanha) até o século VII d.C
Algumas línguas da Europa no II milênio a.C.
Povos de línguas indo-européias: germanos, eslavos, celtas, úmbrios, latinos,
oscos, dórios.
Povos de origens diversas: íberos, aquitanos, lígures, etruscos, sículos. |
.2.2. O período românico
Embora a Península Ibérica fosse habitada desde
muito antes da ocupação romana, pouquíssimos traços das línguas faladas por
estes povos persistem no português moderno.
A língua portuguesa, que tem como origem a
modalidade falada do latim, desenvolveu-se na costa oeste da Península Ibérica
(atuais Portugal e região da Galiza, ou Galícia) incluída na província romana
da Lusitânia. A partir de 218 a.C., com a invasão romana da península, e até o
século IX, a língua falada na região é o romance, uma variante do latim que
constitui um estágio intermediário entre o latim vulgar e as línguas latinas
modernas (português, castelhano, francês, etc.).
Durante o período de 409 d.C. a 711, povos de
origem germânica instalam-se na Península Ibérica. O efeito dessas migrações na
língua falada pela população não é uniforme, iniciando um processo de
diferenciação regional. O rompimento definitivo da uniformidade linguística da
península irá ocorrer mais tarde, levando à formação de línguas bem
diferenciadas. Algumas influências dessa época persistem no vocabulário do
português moderno em termos como roubar, guerrear e branco
A partir de 711, com a invasão moura da Península
Ibérica, o árabe é adotado como língua oficial nas regiões conquistadas, mas a
população continua a falar o romance. Algumas contribuições dessa época ao
vocabulário português atual são arroz, alface, alicate e refém.
No período que vai do século IX (surgimento dos
primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado uma época de transição,
alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o português (ou
mais precisamente o seu antecessor, o galego-português) é essencialmente apenas
falado na Lusitânia.
2.3. O galego-português
No século XI, à
medida que os antigos domínios foram sendo recuperados pelos cristãos, os
árabes são expulsos para o sul da península, onde surgem os dialetos moçárabes,
a partir do contato do árabe com o latim.
Mapa da reconquista cristã do território de Portugal
Com a Reconquista, os grupos populacionais do norte
foram-se instalando mais a sul, dando assim origem ao território português,
da mesma forma que, mais a leste na Península Ibérica, os leoneses e os
castelhanos também foram progredindo para o sul e ocupando as terras que, muito
mais tarde, viriam a se tornar no território do Estado espanhol.
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Com o início da reconquista
cristã da Península Ibérica, o galego-português consolida-se como língua falada
e escrita da Lusitânia. Em galego-português são escritos os primeiros documentos
oficiais e textos literários não latinos da região, como os cancioneiros
(coletâneas de poemas medievais):
- Cancioneiro
da Ajuda - Copiado (na época ainda não havia imprensa) em Portugal em fins
do século XIII ou princípios do século XIV. Encontra-se na Biblioteca da
Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor.
- Cancioneiro
da Vaticana - Trata-se do códice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na
Itália em fins do século XV ou princípios do século XVI. Entre as suas
1.205 cantigas, há composições de todos os gêneros.
- Cancioneiro
Colocci-Brancutti - Copiado na Itália em fins do século XV ou princípios
do século XVI. Descoberto em 1878 na biblioteca do conde Paulo Brancutti
do Cagli, em Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa,
onde se encontra desde 1924. Entre as suas 1.664 cantigas, há composições
de todos os gêneros.
2.4. O português arcaico
À medida em que os cristãos avançam para o sul, os
dialetos do norte interagem com os dialetos moçárabes do sul, começando o processo
de diferenciação do português em relação ao galego-português. A separação entre
o galego e o português se iniciará com a independência de Portugal (1185) e se
consolidará com a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos
castelhanos que tentaram anexar o país. No século XIV surge a prosa literária
em português, com a Crónica Geral de Espanha (1344) e o Livro
de Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelos.
Entre os séculos XIV e XVI, com a construção do
império português de ultramar, a língua portuguesa faz-se presente em várias
regiões da Ásia, África e América, sofrendo influências locais (presentes na
língua atual em termos como jangada, de origem malaia,
e chá, de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o
número de italianismos e palavras eruditas de derivação grega, tornando o
português mais complexo e maleável. O fim desse período de consolidação da
língua (ou de utilização do português arcaico) é marcado pela publicação
do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.
2.5. O português moderno
No século XVI, com o aparecimento das primeiras
gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase
moderna: em Os Lusíadas, de Luis de Camões (1572), o português já
é, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, muito próximo do atual. A
partir daí, a língua terá mudanças menores: na fase em que Portugal foi
governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorpora palavras
castelhanas (como bobo e granizo); e
a influência francesa no século XVIII (sentida principalmente em Portugal) faz
o português da metrópole afastar-se do falado nas colônias.
Nos séculos XIX e XX o vocabulário português recebe
novas contribuições: surgem termos de origem grecolatina para designar os
avanços tecnológicos da época (como automóvel e televisão)
e termos técnicos em inglês em ramos como as ciências médicas e a informática
(por exemplo, check-up e software).
O volume de novos termos estimula a criação de uma comissão composta por
representantes dos países de língua portuguesa, em 1990, para uniformizar o
vocabulário técnico e evitar o agravamento do fenômeno de introdução de termos
diferentes para os mesmos objetos.
3. O português no mundo
O mundo lusófono (que fala português) é avaliado
hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O português é a oitava língua mais
falada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o
castelhano.
O português é a língua oficial em oito países de
quatro continentes:
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http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/
O português é uma das línguas oficiais da União Europeia (ex-CEE)
desde 1986, quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos
do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português é
ensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam.
Em 1996, foi criada a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
que reune os países de língua oficial portuguesa com o propósito de aumentar a
cooperação e o intercâmbio cultural entre os países membros e uniformizar e
difundir a língua portuguesa.
3. O português no mundo
3.1. O mundo lusófono
Na área vasta e descontínua em que é falado, o
português apresenta-se, como qualquer língua viva, internamente diferenciado em
variedades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto à pronúncia,
a gramática e ao vocabulário. Tal diferenciação, entretanto, não compromete a
unidade do idioma: apesar da acidentada história da sua expansão na Europa e,
principalmente, fora dela, a língua portuguesa conseguiu manter até hoje
apreciável coesão entre as suas variedades.
As formas características que uma língua assume
regionalmente denominam-se dialetos. Alguns linguistas,
porém, distinguem o falar do dialeto:
- Dialeto seria um sistema de sinais
originados de uma língua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma
concreta delimitação geográfica, mas sem uma forte diferenciação diante
dos outros dialetos da mesma origem. De modo secundário, poder-se-iam
também chamar dialetos as estruturas linguísticas, simultâneas de outra,
que não alcançam a categoria de língua.
- Falar seria a peculiaridade
expressiva própria de uma região e que não apresenta o grau de coerência
alcançado pelo dialeto. Caracterizar-se-ia por ser um dialeto empobrecido,
que, tendo abandonado a língua escrita, convive apenas com manifestações
orais.
No entanto, à vista da dificuldade de caracterizar
na prática as duas modalidades, empregamos neste texto o termo dialeto no
sentido de variedade regional da língua, não importando o seu maior ou menor
distanciamento com referência à língua padrão.
No estudo das formas que veio a assumir a língua
portuguesa, especialmente na África, na Ásia e na Oceania, é necessário fazer a
distinção entre os dialetos e os crioulas de origem portuguesa. As variedades
crioulas resultam do contato que o sistema linguístico português estabeleceu, a
partir do século XV, com sistemas linguísticos indígenas. 0 grau de afastamento
em relação à língua mãe é hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos, os
crioulos devem ser considerados como línguas derivadas do português.
3.2. O português na Europa
Na faixa ocidental da Península Ibérica, onde o
galego-português era falado, atualmente utiliza-se o galego e o português. Esta
região apresenta um conjunto de falares que, de acordo com certas
características fonéticas (principalmente a pronúncia das sibilantes:
utilização ou não do mesmo fonema em roSa e em paSSo,
diferenciação fonética ou não entre Cinco e Seis,
etc.), podem ser classificados em três grandes grupos:
- Dialetos
galegos;
G - Galego ocidental
F - Galego oriental - Dialetos
portugueses setentrionais; e
E - Dialetos transmontanos e alto-minhotos
C - Dialetos baixo-minhotos, durienses e beirões - Dialetos
portugueses centro-meridionais.
D - Dialetos do centro-litoral
B - Dialetos do centro-interior e do sul - A - Limite de região subdialectal com
características peculiares bem diferenciadas
3.2.a. Portugal
A fronteira entre os dialetos portugueses
setentrionais e centro-meridionais atravessa Portugal de noroeste a sudeste.
Merecem atenção especial algumas regiões do país que apresentam características
fonéticas peculiares: a região setentrional que abrange parte do Minho e do
Douro Litoral, uma extensa área da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo,
principalmente centro-meridional, e o ocidente do Algarve, também
centro-meridional.
Os dialetos falados nos arquipélagos dos Açores e
da Madeira representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais,
podendo ser incluídos no grupo centro-meridional. Constituem casos excepcionais
a ilha de São Miguel e da Madeira: independentemente uma da outra, ambas se
afastam do que se pode chamar a norma centro-meridional por acrescentar-lhe um
certo número de traços muito peculiares (alguns dos quais igualmente
encontrados em dialetos continentais).
3.2.b. O galego
A maioria dos linguistas e
intelectuais defende a unidade linguística do galego-português até a
atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o português modernos seriam
parte de um mesmo sistema linguístico, com diferentes normas escritas (situação
similar à existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a
Inglaterra, onde algumas palavras têm ortografias distintas). A posição oficial
na Galiza, entretanto, é considerar o português e o galego como línguas
autônomas, embora compartilhando algumas características.
Outras informações sobre a Galiza
e o galego moderno podem ser obtidas nos seguintes endereços:
- Instituto de Língua Galega da Universidade de Santiago de
Compostela.
- Vieiros, um espaço para comunicações e
informações sobre a Galiza e o galego.
- Portal Galego da Língua.
- Movimento Defesa da Língua da Galiza.
3.3. O português na América
3.3.a. História da língua no Brasil
No início da colonização portuguesa no Brasil (a
partir da descoberta, em 1500), o tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma
língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado como língua
geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos padres
jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do
tupi foi proibida por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa
altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtude da chegada
de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o português
fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o
português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha),
bem como nomes próprios e geográficos.
Com o fluxo de escravos trazidos da África, a
língua falada na colônia recebeu novas contribuições. A influência africana no
português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio
principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria (vocabulário
ligado à religião e à cozinha afrobrasileiras), e do quimbundo angolano
(palavras como caçula, moleque e samba).
Um novo afastamento entre o português brasileiro e
o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as
mudanças ocorridas no falar português (principalmente por influência francesa)
durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar
da época da descoberta. Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a
família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão
Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um
reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades.
Após a independência (1822), o português falado no
Brasil sofreu influências de imigrantes europeus que se instalaram no centro e
sul do país. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças
superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de
acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.
No século XX, a distância entre as variantes
portuguesa e brasileira do português aumentou em razão dos avanços tecnológicos
do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação de
novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos
dois países (comboio e trem, autocarro e ônibus, pedágio eportagem).
Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento
romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de uma
literatura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa,
argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de
romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades
do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou
literariamente a norma brasileira.
3.3.b. Zonas dialectais brasileiras
A fala popular brasileira apresenta uma relativa
unidade, maior ainda do que a da portuguesa, o que surpreende em se tratando de
um pais tão vasto. A comparação das variedades dialetais brasileiras com as
portuguesas leva à conclusão de que aquelas representam em conjunto um
sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou do português
padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados em
algum dialeto do Brasil.
A insuficiência de informações rigorosamente
científicas e completas sobre as diferenças que separam as variedades regionais
existentes no Brasil não permite classificá-las em bases semelhantes às que
foram adotadas na classificacão dos dialetos do português europeu. Existe, em
caráter provisório, uma proposta de classificação de conjunto que se baseia -
como no caso do português europeu - em diferenças de pronúncia (basicamente no
grau de abertura na pronúncia das vogais, como em pEgar,
onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e na cadência da fala).
Segundo essa proposta, é possível distinguir dois grupos de dialetos
brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas
variedades: amazônica e nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense,
mineira e sulina.
Esta proposta, embora tenha o mérito de ser a
primeira tentativa de classificação global dos dialetos portugueses no Brasil,
é claramente simplificadora. Alguns dos casos mais evidentes de variações
dialectais não representadas nessa classificação seriam:
- a
diferença de pronúncia entre o litoral e o interior do Nordeste; o dialeto
da região de Recife, em Pernambuco (PE) é particularmente distinto;
- a
forma de falar da cidade do Rio de Janeiro (RJ);
- o dialeto
do interior do estado de São Paulo (SP); e
- as
características próprias aos três estados da região sul (PR, SC e RS), em
particular o(s) dialeto(s) utilizado(s) no estado do Rio Grande do Sul
(RS)
3.4. O português na África
·
Em Angola e Moçambique, onde o português se implantou mais fortemente
como língua falada, ao lado de numerosas línguas indígenas, fala-se um
português bastante puro, embora com alguns traços próprios, em geral arcaísmos
ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. A influência
das línguas negras sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve,
podendo dizer-se que abrange somente o léxico local.
·
Nos demais países africanos de língua oficial portuguesa, o português é
utilizado na administração, no ensino, na imprensa e nas relações
internacionais. Nas situações da vida cotidiana são utilizadas também línguas
nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns países verificou-se o
surgimento de mais de um crioulo, sendo eles entretanto compreensíveis entre
si.
·
Essa convivência com línguas locais vem causando um distanciamento entre
o português regional desses países e a língua portuguesa falada na Europa,
aproximando-se em muitos casos do português falado no Brasil.
3.4.a. Angola
O português é a língua oficial de Angola. Em 1983,
60% dos moradores declararam que o português é sua língua materna, embora
estimativas indiquem que 70% da população fale uma das línguas nativas como
primeira ou segunda língua.
Além do português, Angola abriga cerca de onze grupos
lingüísticos principais, que podem ser subdivididos em diversos dialetos (cerca
de noventa). As línguas principais são: o umbundu, falado pelo grupo ovimbundu
(parte central do país); o kikongo, falado pelos bakongo, ao norte, e o
chokwe-lunda e o kioko-lunda, ambos ao nordeste. Há ainda o kimbundu, falado
pelos mbundos, mbakas, ndongos e mbondos, grupos aparentados que ocupam parte
do litoral, incluindo a capital Luanda.
Talvez em razão dessa variedade lingüística
original, o português acabou por se tornar uma espécie de língua franca, que
facilitava a comunicação entre os diversos grupos. Em contato com as línguas
nativas, o português também sofreu modificações, dando origem a falares
crioulos, conhecidos como pequeno português, ou popularmente, como pretoguês
3.4.b. Cabo Verde
O português é a língua oficial de Cabo Verde,
utilizada em toda a documentação oficial e administrativa. É também a língua
das rádios e televisões e, principalmente, a língua de escolarização.
Paralelamente, nas restantes situações de
comunicação (incluindo a fala quotidiana), utiliza-se o cabo-verdiano, um
crioulo que mescla o português arcaico a línguas africanas. O crioulo divide-se
em dois dialetos com algumas variantes em pronúncias e vocabulários: os das
ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul.
3.4.c. Guiné-Bissau
Em 1983, 44% da população falava crioulos de base
portuguesa, 11% falava o português e o restante, inúmeras línguas africanas. O
crioulo da Guiné-Bissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Cacheu, no
norte do país.
A presença do português em Guiné-Bissau não está
consolidada, pois apenas uma pequena percentagem da população guineense tem o
português como a língua materna e menos de 15% tem um domínio aceitável da
Língua Portuguesa. A zona lusófona corresponde ao espaço geográfico conhecido
como "a praça", que corresponde à zona central e comercial da capital
(Bissau).
A situação se agrava devido ao fato da Guiné-Bissau
ser um país encravado entre países francófonos e com uma comunidade imigrante
expressiva vinda do Senegal e da Guiné (também conhecida como Guiné-Conakri).
Por causa da abertura à integração sub-regional e da grande participação dos
imigrantes francófonos no comércio, existe presentemente uma grande tendência
de as pessoas utilizarem e aprenderem mais o francês do que o português. Há
aqueles que defendem que, atualmente, o francês já é a segunda língua mais
falada na Guiné, depois do crioulo.
3.4.d. Moçambique
Moçambique está entre os países onde o português
tem o estatuto de língua oficial, sendo falada, essencialmente como segunda
língua, por uma parte da sua população.
De acordo com dados do Censo de 1980, o português
era falado por cerca de 25% da população e constituía a língua materna de pouco
mais de 1% dos moçambicanos. Os dados do Censo de 1997 indicam que a
percentagem atual de falantes de Português já é de 39,6%, que 8,8% usam o
português para falar em casa e que 6,5% consideram o português como sua língua
materna. A vasta maioria das pessoas que têm a língua portuguesa como materna
reside nas áreas urbanas do país, e são os cidadãos urbanos, principalmente,
que adotam o português como língua de uso em casa. No país como um todo, a
maioria da população fala línguas do grupo bantu. A língua materna mais
frequente é o emakhuwa (26.3%); em segundo lugar está o xichangana (11.4%) e em
terceiro, o elomwe (7.9%).
3.4.e. São Tomé e Príncipe
Em São Tomé fala-se o forro, o angolar, o tonga e o
monco (línguas locais), além do português. O forro (ou são-tomense) é um
crioulo de origem portuguesa, que se originou da antiga língua falada pela
população mestiça e livre das cidades. No século XVI, naufragou perto da ilha
um barco de escravos angolanos, muitos dos quais conseguiram nadar até a ilha e
formar um grupo étnico a parte. Este grupo fala o angolar, um outro crioulo de
base portuguesa mas com mais termos de origem bantu. Há cerca de 78% de
semelhanças entre o forro e o angolar. O tonga é um crioulo com base no
português e em outras línguas africanas. É falado pela comunidade descendente
dos "serviçais", trabalhadores trazidos sob contrato de outros países
africanos, principalmente Angola, Moçambique e Cabo-Verde.
A ilha do Príncipe fala principalmente o monco (ou
principense), um outro crioulo de base portuguesa e com possíveis acréscimos de
outras línguas indo-européias. Outra língua muito falada em Príncipe (e também
em São Tomé) é o crioulo cabo-verdiano, trazido pelos milhares de
cabo-verdianos que emigraram para o país no século XX para trabalharem na
agricultura.
O português corrente de São Tomé e Príncipe guarda
muitos traços do português arcaico na pronúncia, no léxico e até na construção
sintática. Era a língua falada pela população culta, pela classe média e pelos
donos de propriedades. Atualmente, é o português falado pela população em
geral, enquanto que a classe política e a alta sociedade utilizam o português
europeu padrão, muitas vezes aprendido durante os estudos feitos em Portugal.
3.4.f. Outras regiões da África
A influência portuguesa na África deu-se também em
algumas outras regiões isoladas, muitas vezes levando à aparição de crioulos de
base portuguesa:
Ano Bom, na Guiné Equatorial.
Em Ano Bom, uma ilha
a 400 km ao sul de São Tomé, fala-se o ano-bonense, bastante similar ao
são-tomense. Tal fato explica-se por haver sido a ilha povoada por escravos
vindos de São Tomé.
Casamança, no Senegal.
O crioulo de Casamança só se fala na capital,
Ziguinchor, uma cidade fundada por
portugueses (seu nome
deriva da expressão portuguesa cheguei
e chorei). Está na
órbita lexical do
crioulo de Cacheu, na Guiné-Bissau.
3.5. O português na Ásia
Embora nos séculos XVI e XVII o
português tenha sido largamente utilizado nos portos da Índia e sudeste da
Ásia, atualmente ele só sobrevive na sua forma padrão em alguns pontos
isolados:
- no Timor leste, território sob
administração portuguesa até 1975, quando foi invadido e anexado
ilegalmente pela Indonésia. A língua local é o tetum, mas uma parcela da
população domina o português.
- em Macau, território
chinês que esteve sob administração portuguesa até 1999. O português é uma
das línguas oficiais, ao lado do chinês, mas só é utilizado pela
administração e falado por uma parte minoritária da população;
- no
estado indiano de Goa, possessão
portuguesa até 1961, onde vem sendo substituído pelo konkani (língua
oficial) e pelo inglês.
Dos crioulos da Ásia e Oceania,
outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Damão, Jaipur e Diu, na
Índia; de Málaca, na Malásia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na
Indonésia (em algumas dessas cidades ou regiões há também grupos que utilizam o
português).
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